A Engenharia da Natureza – Parte 2

Na Parte 1 desse post, falamos sobre os Castores, Cupins e Aranhas, cuja tecnologia em engenharia se equiparam e muitas vezes superam a nossa própria, em sua devida escala, claro.

O modo pelo qual os bichos constroem seus abrigos pode ter inspirado as edificações humanas. É o que diz uma instigante teoria – a Bioarquitetura.

A Bioarquitetura

Em igrejas e outros prédios ricamente ornamentados, cheios de reentrâncias, dezenas de pombos se aninham em cada cavidade. No forro do telhado de certas casas, famílias de gambás e morcegos disputam um espaço. Estes são exemplos de como os animais sabem tirar proveito da arquitetura humana. Mas o contrário talvez ocorra também: a arquitetura animal inspiraria o talento humano. De fato, há quem diga até que ao longo da história essa situação se manifeste com tanto maior freqüência quanto maior o grau de progresso das sociedades humanas. A tal ponto que isso daria ensejo a uma nova especialidade científica, dedicada a investigar as idéias que o homem supostamente toma emprestado dos bichos na hora de fazer sua casa – a Bioarquitetura.

Para os defensores dessa idéia, bastaria examinar o caso mais trivial de todos – uma parede. Antigamente, a função de uma parede era sustentar o teto. Daí ser uma estrutura compacta, pesada. No entanto, depois que o homem aprendeu a erguer pilares para desempenhar essa função, as paredes viraram apenas elementos de separação entre ambientes, sólidos, mas leves. E nada mais resistente e leve do que os favos de abelhas, compostos de uma sucessão de compartimentos hexagonais ocos. A solução proporcionada pelas abelhas resolve também o problema de levantar paredes que devem deixar passar a luz.

Como acontece com as cavernas naturais, onde uma infinidade de estalactites e estalagmites contribui para sustentar o teto, as construções humanas – muitos milênios depois que o homem se mudou das cavernas – recorrem a colunas e pilares, repartidos de forma regular para distribuir por igual o peso. Nesse caso, portanto, o professor de Arquitetura teria sido o reino mineral, não o animal. Atualmente já se sabe construir abóbadas sem aquele tipo de suporte, como na estação de telecomunicações espaciais de Pleumeur-Bodou, na Bretanha, França.

Especialistas afirmam que a obra segue os princípios físicos de uma bolha – o frágil envoltório permanece estável graças ao equilíbrio entre a pressão do ar interno e a tensão superficial. Nessa enorme bolha se conseguiu uma economia de 90 por cento do peso calculado, algo impossível de ser obtido pelos métodos convencionais. Já os partidários da Bioarquitetura compararam aquela estação à estrutura de um ovo, capaz de suportar grandes pressões sobre seus pólos. Para eles, o que supõem ser a imitação dos padrões naturais se justifica pela premissa de que tudo o que a natureza exibe é produto da evolução, portanto fruto de uma adequação milenar às circunstâncias do ambiente.

O castor, por exemplo, para represar as águas, prende nas margens dos rios galhos e troncos, que ele mesmo corta com seus dentes desenvolvidos. O resultado, por incrível que pareça, pode ser ainda mais sólido que as réplicas humanas em concreto armado. O segredo está na elasticidade dos troncos, capazes de suportar o impacto das cheias sem rachar, como ocorria com as primeiras represas de cimento. Depois, os engenheiros tornaram – deliberadamente ou não – a imitar os bichos ao construir represas que, como as barragens dos castores, apresentam poros para a passagem permanente de pequenas quantidades de água, mantendo o nível da superfície.

Observando as proezas arquitetônicas que desempenham papel essencial na sobrevivência das espécies, o homem resolveu problemas que durante muito tempo desafiaram as melhores réguas e compassos.

Agora vamos abordar outros incríveis construtores da natureza,  de cuja engenhosidade você certamente já ouviu falar.

O Pássaro Tecelão

O pássaro tecelão é uma simpática ave que une forças para assumir a totalidade da capacidade das árvores para fazer o que só pode ser considerado algo como uma incrível estrutura de “apartamento” animal . Em vez da construção de ninhos independentes, até 300 casais de aves se juntam para construir mega-gigante ninho até 25 pés de largura, 5 metros de altura e com um quarto individual para cada casal.

O tecelão macho com uma precisão incrivel rasga as ervas largas e entretece as ervas mais finas numa bola quase perfeita.

Imagens via: Olhares, Fórum dos Exóticos

A Formiga e o Formigueiro

A maioria das espécies de formigas constrói ninhos subterrâneos. As trabalhadoras escavam túneis e câmaras, ou salas, na terra. À medida que o formigueiro cresce, elas acrescentam mais túneis e câmaras ao ninho.
Os formigueiros podem ser bastante grandes. Algumas formigas tropicais constroem para baixo, para aumentar o espaço. Os formigueiros podem se estender por seis metros no subsolo. Outras, como as formigas da madeira europeia, constroem para cima. Fazem grandes montes de terra que podem atingir 1,5 metro de altura. Depois, elas conectam os montes com trilhas odoríferas. O grupo de ninhos pode cobrir uma área de tamanho semelhante ao de uma quadra de tênis. Milhões de formigas podem viver nesses formigueiros.

Para entender mesmo como são esses insetos, o ideal é seguir a fila e entrar com uma delas pelo buraco do formigueiro. Logo abaixo do nível do solo há uma multidão de formigas, umas indo, outras vindo. Nenhuma pára para dar passagem, elas simplesmente sobem umas nas outras sem se incomodar. Começam a surgir bifurcações, ruas mais largas, que dão em grandes buracos, cheios de larvas.

As câmaras em um ninho têm funções diferentes. A rainha tem uma câmara própria para colocar ovos. Algumas câmaras servem de berçários aos filhotes. Há câmaras para armazenar alimentos. Outras câmaras servem de local de repouso às trabalhadoras esforçadas.

Para mais informações:

A Impressionante Estrutura de um Formigueiro

A maior colônia de formigas já descoberta avança mais de 4.000 milhas em toda a Europa – supõe-se que esta super-colônia deva ter milhares de milhões de formigas. Todos sabem que as formigas são incríveis construtoras e que podem carregar muitas vezes seu próprio peso, mas poucos têm a chance de ver dentro de suas espetaculares estruturas subterrâneas. A super colônia acima indicada é de 500 metros quadrados de tamanho, penetra 25 pés no chão e exigiu o deslocamento de 40 toneladas de terra e entulhos para ser revelada. Enquanto era cavada, túneis de transporte e tubos de entrada e saída de ar eram revelados, bem como jardins de fungos e depósitos de lixo.

O João de Barro

O joão-de-barro é um excelente engenheiro, aprende a identificar a direção do vento ao longo de sua vida. Na época de reprodução, o pássaro constrói seu ninho na direção contrária ao vento e chuva para que a fêmea e os filhotes fiquem protegidos das intempéries.

Tudo começa com a coleta da matéria-prima. Além de barro úmido, retirado do solo, a ave, cujo nome científico é Furnarius rufus, usa esterco misturado a palha. A casa é construída em conjunto pelo macho e pela fêmea, que chegam a fazer centenas de viagens no transporte do material. Galhos de árvores, postes e beiradas de casas são os locais preferidos pelo joão-de-barro para instalar seuninho, que, em geral, tem formato esférico e cerca de 30 centímetros de diâmetro. Para construir as paredes (de 5 centímetros de espessura), o casal amassa as bolas de barro com os bicos e os pés. Uma engenhosidade doninho é a divisão em dois cômodos. O acesso ao primeiro se dá pela porta, feita na medida para que a ave entre sem precisar se abaixar. A câmara mais interna, forrada com penas, pelos e musgo, serve para a postura de ovos e acomodação dos filhotes, que ficam a salvo de predadores.

Após cerca de duas semanas, o ninho fica pronto e a fêmea põe seus ovos. Inexplicavelmente, depois de tanta ralação, o casal só usa o cafofo por um ano, período em que tem até quatro ninhadas.

Via: “A Natureza mestre de Obras” – Superinteressante, Maravilhas Arquitetônicas da Natureza (em inglês), O Formigueiro – Na Alta, “Como o João de Barro constrói sua casa” – Mundo Estranho, Blog Boca Aberta;